A história da surdez: da antiguidade à Idade Média

Os dados mais antigos sobre a história da surdez, segundo pesquisadores da perspectiva socioantropológica, remetem à Grécia Antiga (1.100 a.C. – 146 a.C.). Nesse período, a perfeição física tinha um forte valor. 

Boas condições de sobrevivência e de subsistência eram avaliadas pela aparência física, vigor, beleza e força. Afinal, neste período, a surdez era vista como empecilho à boa subsistência. 

Você sabia que as pessoas costumavam abandonar e eliminar bebês deficientes ao expô-los a situações extremas de frio ou calor? Ou ainda pior, atirados de alguma montanha da Taygetos, na Grécia?

De acordo com as referências encontradas, os sujeitos abandonados e mortos não eram apenas os surdos. Em síntese, todos aqueles que fugiam do padrão exigido na época, eram considerados deficientes e eliminados (FREITAS, 2007).

Aristóteles

No livro VII de Política de Aristóteles (384 a.C.– 322 a.C.), lê-se que o direito ao convívio social era dado apenas aos que eram considerados “normais” e não deficientes.

A política, Livro VII, Capítulo XIV, 1335 b – Quanto a rejeitar ou criar os recém-nascidos, terá de haver uma Lei segundo a qual nenhuma criança disforme será criada. Com vistas a evitar o excesso de crianças, se os costumes das cidades impedem o abandono de recém-nascidos, deve haver um dispositivo legal limitando a procriação. Se alguém conceber um filho, contrariamente a tal dispositivo, deverá ser provocado o aborto antes que comecem as sensações e a vida (a legalidade ou ilegalidade do aborto será definida pelo critério de haver ou não sensação e vida) (ARISTÓTELES, 1997, p.63).

Durante a Idade Média, a Igreja ganhou força. Foi, nesse período, a principal responsável pela educação e pela disseminação da cultura. Por fim, com a força da Igreja, as crianças chamadas de anormais deixaram de ser mortas. Posteriormente, pela influência do pensamento teológico vigente na Idade Média, os deficientes eram vistos como seres com alma. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Tradução de Mário da Gama Kury. Brasília: Editora Universidade de Brasília – UNB, 1997.

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